Uma carta para o Grupo Internacionalista (E.U.A.) e para a Liga Quarta-Internacionalista do Brasil

Uma tradução em português das partes políticas mais importantes de uma carta para o Grupo Internacionalista (E.U.A.) e para a Liga Quarta-Internacionalista do Brasil (15 Dezembro 1996).


7 Fevereiro 1997
Queridos Camaradas da LQB:

Apresentamos a seguir uma tradução em português das partes políticas mais importantes de uma carta que estamos enviando para vocês e o IG. Tivemos algumas dificuldades para traduzir para o português e, então, para simplificar a tarefa, encurtamos o texto. Nós também incluímos uma cópia do texto na língua inglesa, mas não sabemos se vocês podem ler. Aguardamos a sua resposta e esperamos dialogar com vocês.

Saudações bolcheviques
Tom Riley
pela TBI


15 de Dezembro de 1996
Para: Grupo Internacionalista (EUA) e Liga Quarta-Internacionalista do Brasil

Caros companheiros,

Estudamos com interesse os materiais referentes à sua recente separação da LCI. Encontramos neles um padrão familiar: um expurgo cínico da estrutura, por uma infração principal que parece ter sido uma relutância em engolir tudo o que foi apresentado pelos que estão em posição de autoridade. No passado, muitos companheiros foram expurgados da Liga Comunista Internacional/Tendência Espartaquista Internacional por razões semelhantes.

Nós sempre dissemos que a ausência de uma vida interna democrática dentro da iST/LCI somente poderia criar uma organização burocrática e, em grande parte, despolitizada. A recente experiência de vocês parece confirmar esta previsão. Ao longo dos anos, a direção da SL manteve bem-sucedidamente a herança das posições programáticas trotskistas. Atualmente, a LCI é uma formação que, apesar das pretensões trotskistas ortodoxas, é um obstáculo para a refundação da Quarta Internacional. Tanto o IG e a LQB chegaram a conclusões semelhantes — embora pareça que tenhamos fortes diferenças com o IG sobre a história da degeneração da LCI.

Algumas Perguntas para o Grupo Internacionalista

O quadro da LCI de aproximadamente 1996, apresentado pelos colegas do IG, é de uma organização que durante décadas funcionou como um modelo da democracia leninista e foi então transformada, do dia para a noite, num setor burocratizado, cínico. Isto colide tanto com a lógica elementar como com os fatos.

Se a SL era, até muito recentemente, caracterizado por um respeito escrupuloso quanto à verdade em seu tratamento com oponentes internos (bem como externos) então por que iriam querer repetir tão avidamente as mentiras e as acusações falsas feitas contra vocês? Por que eles estariam dispostos a condenar os companheiros sem estudar os documentos? Como poderia uma comissão de controle, composta de membros antigos da SL, estar disposta a agir tão ruidosamente contra os réus? Por que todas as seções da LCI (com a única exceção da LM, não-assimilada) apoiariam imediatamente as acusações falsas, sem fazer qualquer pergunta? E por que os membros de um grupo trotskista saudável, com quadros experimentados, aceitariam, com apenas um murmúrio de discórdia, a ruptura das relações com a LQB sobre tal pretexto absurdo e cínico?

Ninguém com qualquer experiência política pode levar a sério a idéia de que estruturas revolucionárias, forjadas durante décadas numa atmosfera onde o pensamento crítico foi encorajado, onde as diferenças foram abertamente debatidas e opiniões minoritárias respeitadas, repentinamente poderiam ser transformadas num bloco sólido de caluniadores, mentirosos e políticos covardes.

única explicação é que muito da fibra revolucionária dos quadros da LCI foi destruído bem antes do lançamento da campanha contra Norden-Stamberg-Negrete-Socorro.

“Fuzileiros navais vivos”: o Grande Recuo da SL

O LQB caracterizou-se como um “ato de covardia” o rompimento pela direção da ICL das relações fraternais, no momento em que a luta contra a polícia no sindicato se intensificou.

Embora haja claramente um elemento de covardia envolvido, nós pensamos que a motivação primária para o comportamento da direção da LCI era o objetivo fracional de manter seu controle organizacional absoluto. Se a direção da LQB não pudesse ser induzida a denunciar Norden e Negrete, os dois quadros da LCI com quem que eles tinham trabalhado bem próximos, então a LQB poderia emergir dentro da LCI como o núcleo de uma oposição futura. O fato de que s LQB gozaria do prestígio de ser a única seção da LCI com qualquer tipo de base operária aumentaria o perigo. Tais cálculos burocráticos explicariam as manobras informadas pela LQB:

“Em sua carta anterior [da LCI], datada de 11 de junho, Parks escreveu que Norden e Abrão queriam destruir as Relações Fraternais da LQB com a LCI. Então, em 17 de junho, seis dias mais tarde, vocês escreveram para romper as Relações Fraternais!”
–“De um Impulso em direção ao Abstencionismo à Deserção da Luta de Classes,” página 84

Parece claro que a conversa de Parks sobre os perigos de enfrentamentos era simplesmente um raciocínio para exigir que a LQB provasse a sua “lealdade” à direção da LCI, dissolvendo o seu trabalho sindical, e se afastando das lutas que tinham começado.

Mas, se a covardia não era o fator principal neste caso, a direção da iST/LCI foi certamente sido culpada de agir covardemente no passado. O mais extraordinário foi o chamado a salvar as vidas dos Fuzileiros Navais americanos no Líbano. O bombardeio da Marinha, ocorrido em Beirute em outubro de 1983, matou 240 marinheiros — o maior e único revés para o militarismo dos E.U.A., desde a ofensiva dos Vietcongues de 1968. Em nossa declaração inicial, caracterizamos o chamado da SL a poupar os fuzileiros navais que sobreviveram como um “perfil de covardia”. Na introdução para uma coleção das polêmicas entre nós e Workers Vanguard sobre esta questão, nós analisamos as suas origens:

“O interesse repentino pelo bem-estar dos Fuzileiros Navais, que só um ano antes Workers Vanguard tinha descrito como ‘os açougueiros imperialistas mais notórios do mundo’, marcou uma guinada radical da postura formal da SL como os continuadores do trotskismo ortodoxo. Isto iluminou totalmente a dimensão programática da evolução da SL do trotskismo para o banditismo político — uma forma peculiar e eclética de centrismo, principalmente caracterizada por uma capacidade para guinadas programáticas excêntricas e selvagens. A degeneração do SL foi consolidada, em última análise, pela perda de confiança na possibilidade de ganhar a classe trabalhadora para o programa revolucionário, entretanto foi revestida com um elemento substancial de culto à direção….

“Bandidos políticos estão sempre dispostos a subordinar questões de linha política formal às exigências de seus requisitos organizacionais, concebidos a curto prazo. O reflexo covarde exibido pela liderança da SL sobre os fuzilieiros navais no Líbano foi claramente motivado pelo temor de desagradar a própria classe dominante.”
–Prefácio a Boletim Trotskista número 2, “Marxismo vs. Social-Patriotismo”, dezembro de 1984

Alguns anos mais tarde, outra capitulação covarde feita pela liderança da SL ocorreu quando a nave espacial Challenger, carregada com tecnologia de espionagem anti-Soviética e oficiais militares americanos, incendiou-se espontaneamente em janeiro de 1986. Naquela ocasião, Workers Vanguard (14 de fevereiro de 1986) escreveu:

“O que nós sentimos em relação aos astronautas [isto é, os especialistas militares, cuja missão era instalar um satélite espião avançado] não é mais ou menos que para qualquer pessoa que morresse em circunstâncias trágicas, tal como os nove pobres salvadorenhos que foram mortos num incêndio em um porão de apartamento em Washington, DC, dois dias antes.”

Em 1917, Número 2, comentamos que nós pensávamos que deveria haver algo seriamente errado com “comunistas revolucionários” que sentiam-se “nem mais nem menos” compaixão pelos refúgios empobrecidos dos terroristas de direita que por um punhado de guerreiros do Imperialismo Americano.

A corrupção na SL/ICL?

Da mesma forma, o IG negou qualquer elemento de corrupção no regime de Robertson, e ainda sugeriu que tais acusações são características de “anticomunistas rudes”. Em 1917, número 4, falamos sobre o uso dos fundos da SL para comprar e reformar uma casa espaçosa na Bay Área para o companheiro Robertson. Relembramos como, em 1971, Workers Vanguard criticou fortemente Huey P. Newton, do Partido Panteras Negras, por assegurar acomodação luxuosa para si às custas dos seus militantes.

Pelo nosso conhecimento, somente Robertson e alguns dos sócios próximos gozam de quaisquer privilégios materiais significativos. De fato, o restante dos profissionais vive muito modestamente. Mas há também corrupção de um tipo político/moral, em que companheiros são forçados a situações em que devem ou comprometer sua integridade ou romper com o movimento ao qual dedicaram uma boa parte de suas vidas. A exigência que os colegas da LQB apoiem a expulsão de Norden/Stamberg, sem que tenham lido os documentos ou ouvido os argumentos, é um exemplo deste tipo de “corrupção”. A Companheira Negrete refere-se a uma camada de “fabricantes de auto-consciência e mentirosos” na LCI. A existência de tais elementos por si só é uma evidência da

A LCI e a TBI

A LCI tem se interessado imoderadamente em (e está sensível à) nossas críticas políticas nos últimos anos, e foi com prazer que aceitamos a distinção de ser o alvo de questões mais polêmicas que qualquer outra organização política nas páginas de WV. Na sua edição de 27 de setembro de 1991, por exemplo, WV publicou dois artigos em resposta às posições da esquerda internacional em relação vitória de Yeltsin: um tratava da nossa posição e o outro do restante da esquerda! A maior parte da série “Hate Trotskyism”, emitida nos últimos 15 anos retratou a TBI (embora a IG/LQB agora também seja honrosamente incluída).

Nós retribuímos a grande atenção da direção da LCI, e escrevemos numerosas polêmicas contra eles. Temos também desafiado-os repetidamente para um debate, uma oferta que eles têm recusado insistentemente (com a exceção de um debate improvisado em Wellington em 1994, pelo qual a liderança australiana, que aprovou o debate, foi devidamente sancionada por Nova Iorque). Há, naturalmente, uma boa razão para que nós recebamos tanta atenção polêmica no jornalismo da ICL, enquanto ao mesmo tempo a direção recusa-se completamente a nos reunirmos para um embate político: a nossa desaprovação os atinge de uma maneira que os vários pseudo-trotskistas não conseguem.

As lições da RDA: 1989-90

A intervenção na crise terminal no Estado Operário Deformado Alemão em 1989-90 foi a maior iniciativa jamais empreendida pela iST/LCI. O papel-chave do camarada Norden na campanha da RDA foi, evidentemente, um elemento importante nas disputas dentro da ICL antes de sua resignação, e de Stamberg. Como indicamos em nossa declaração de primeiro de julho, é um absurdo para a direção da LCI tentar descarregar toda a responsabilidade sobre Norden pelos seus erros políticos na sua intervenção na RDA.

Depois que quatro décadas de domínio do Stalinismo, os trabalhadores da RDA foram, em grande medida, despolitizados, e o sentimento pró-socialista ficou muito pouco enraizado. O colapso da RDA foi condicionado pelo fato de que nenhuma organização socialista se enraizou suficientemente no proletariado para iniciar uma luta que pudesse mudar a consciência. As proclamações equivocadas da LCI de que as demonstrações, politicamente ingênuas e amorfas, das massas que se seguiram à saída de Honecker constituíram uma revolução política, provaram ser o ponto de partida para a sua desorientação subseqüente…

O golpe inesperado na véspera de Ano Novo, quando Gunther M. (naquela época um contato) conseguiu ser recebido pela direção do SED para endossar a manifestação proposta por Treptow, levou Robertson a imaginar que tinha achado um meio de estabelecer contato direto com as figuras mais velhas no aparato do Stalinismo. Gunther foi instruído para tentar organizar reuniões de Robertson com o líder do partido, Gregor Gysi, o general soviético Snetkov, e o espião mestre doa RDA, Markus Wolf. O fato de que Robertson tentou planejar uma coligação com uma ala do SED, sem dúvida explica a ausência da rispidez trotskista no discurso escrito para o camarada Renate para falar à base do SED na demonstração de Treptow. A crítica mais aguda à direção do SED levantada nos seus comentários foi a observação de que:

“Nossa economia está sofrendo com o desperdício e a obsolescência. A ditadura de partido do SED mostrou a sua incompetência para lutar contra isto. A Alemanha Oriental necessita urgentemente… de uma modernização seletiva da indústria existente.”
WV 12 de janeiro de 1990

O fato é que os burocratas do SED eram muito mais que gerentes econômicos incompetentes. Depois que esvaziaram politicamente a classe trabalhadora com 40 anos de mentiras stalinistas, repressão policial e um programa massivo de informantes, a casta dirigente do SED já estava preparando a capitulação ao imperialismo. A tarefa dos trotskistas nesta situação era procurar expor os “reformadores” do PDS/SED e dirigir a ruptura entre eles e os setores operários pró-socialistas. Mas Robertson procurou, ao contrário, formar uma aliança com uma seção do partido stalinista em decadência, na esperança de ganhar influência sobre a sua base de massas.

A pergunta sobre quem na LCI foi o responsável pela palavra de ordem “Unidade com o SED” não é particularmente importante em qualquer caso, porque ela mesma era parte de toda uma perspectiva errada, que começava com o equívoco de que uma revolução política operária estava acontecendo. Era evidente para nós que, naquela época, embora a revolução política fosse uma possibilidade, havia também muitas outras possibilidades. A avaliação da situação em nosso suplemento especial de janeiro de 1990, em língua alemã, 1917 provou ser consideravelmente mais precisa que a projeção da LCI:

“No momento, o que existe é um vácuo político no DDR. A menos que os conselhos dos trabalhadores sejam organizados, e estabeleçam seus próprios órgãos de administração deste vácuo, ele será certamente preenchidos em detrimento da classe operária, através de um representante da Volks recentemente eleito ou designado [pelo parlamento da RDA].”

Nossa declaração de março de 1990, sobre as eleições na RDA, observava que:

“a afirmação do SpAD/LCI de que a RDA hoje está no meio de uma revolução política proletária é simplesmente falsa…. Nós urgentemente esperamos que os trabalhadores da RDA tomem o caminho da revolução política proletária — mas é bom tomar nossos desejos subjetivos pela realidade.”
–traduzido de 1917 , número 8

Em muitas discussões calorosas com os camaradas da LCI sobre este assunto, fomos ridicularizados por nossa recusa “pessimista” em reconhecer uma revolução política quando estava na nossa cara. Desde então, vários membros antigos da LCI lembraram destas mudanças e admitiram que as nossas estimativas estavam corretas.

Observamos que o camarada Norden está sendo atualmente atacado pela sua negação semelhantemente “pessimista” de que o SpAD constituiu uma “direção revolucionária” concorrendo pelo poder na RDA. A idéia de que um grupo minúsculo de propaganda, sem influência no proletariado e incapaz de, a qualquer momento, ter mais de 100 pessoas sob o própria bandeira seja de alguma maneira um perigo para o poder estatal é uma noção digna de um Posadas ou um Healy. A crédito de Norden, ele “recuou” de tal absurdo. Mas houve um preço a pagar. A sua relutância em rejeitar suas posições e afirmar a correção da linha oficial claramente teve um papel importante na decisão final para expulsá-lo.

`Stalinofobia’ da TBI na RDA

A resposta de Norden/Stamberg à direção da LCI tenta “inverter as mudanças” de afinidade da TBI:

“Seymour, também, argumenta que atualmente é impossível para uma seção da burocracia vir até os trabalhadores numa revolução política.

“Procurará em vão nos materiais do LCI na Alemanha em 1989-90, ou no documento da conferência 1992 do LCI a reivindicação de que o SED `conduziu a contra-revolução”. Você irá, entretanto, achá-la nas publicações stalinófobas da TB que, em 1989-90, estava gritando nas reuniões dos espartaquistas que o primeiro ministro da RDA e dirigente do SED, Modrow, era o inimigo principal.”

Nós de fato criticamos o SpAD por não conseguir alertar os trabalhadores da RDA sobre o caminho traiçoeiro em que os elementos principais do SED estavam embarcando. Nós os lembraríamos que em “Stalin depois da Experiência Final,” 13 de março de 1940, Trotsky comentou:

“Considero a fonte principal de perigo para a URSS, no presente período internacional, ser Stalin e a oligarquia encabeçada por ele. Uma luta aberta contra eles, às vistas da opinião pública mundial, para mim está inseparavelmente ligada à defesa da URSS.”

Parece a nós que esta avaliação era tão aplicável quanto no período em que os “reformadores” como Modrow estavam prosseguindo com seus planos para ceder a RDA ao imperialismo alemão.

A queixa que nós dirigimos a maioria de nossas críticas para o SED/PDS, ao invés de dirigi-las abertamente à restauração do SPD e dos partidos burgueses lembra as objeções dos centristas a Trotsky concentrar os seus ataques políticos na Frente Popular e, particularmente, no componente da “extrema-esquerda”, o POUM, durante a Guerra Civil espanhola. Afinal de contas, Franco não era o “inimigo principal”? As mesmas críticas foram feitas a Lenin em 1917, quando os bolcheviques dirigiram a maioria de suas polêmicas à esquerda, em vez de aos czaristas, às Centúrias Negras e outros contra-revolucionários. Isto é, naturalmente, um ABC para os trotskistas, mas a conversa de “inimigo principal” na RDA talvez exija reiterá-lo.

Se você olhar para o que nossos camaradas escreveram na época, achará uma descrição notavelmente clara do papel dos burocratas stalinistas:

“Um novo regime de Modrow com a oposição burguesa, um regime de pró-capitalista, teria a tarefa de assegurar a segurança da contra-revolução social pela política de Anschluss com o RFA. Empurrado contra a parede pela pressão imperialista, e ameaçado pela dissolução de seu aparato, a fração de direita da burocracia stalinista procura um passaporte capitalista para a salvação de seus privilégios, tornando-se um agente direto da burguesia…. O fraco bonapartista Modrow distancia-se do SED-PDS e mostra a sua capitulação definitiva com a remoção do últimos obstáculos para a capital da Alemanha ocidental.”
Boletim número 1, janeiro de 1990

A LCI não podia proporcionar, em comparação, uma análise trotsquista clara, por causa da orientação política fundamentalmente inútil da direção. O folheto publicado por nossos camaradas alemães sobre a intervenção da LCI no colapso da RDA (em 1917, número 10) proporciona uma visão geral útil do curso de acontecimentos:

“Com sua perspectiva de uma “comunidade” entre a RDA e a RFA [Alemanha Ocidental], o Primeiro-Ministro Modrow já tinha sinalizado a sua prontidão para capitular ao imperialismo da Alemanha Ocidental, quando o novo governo foi formado em 17 de novembro de 1989. Os privilégios que ele ofereceu não deram, entretanto, à burocracia o seu espaço para respirar, mas somente mais ímpeto para os contra-revolucionários. A direita ganhou terreno, enquanto a confusão prevaleceu entre os trabalhadores mais politicamente conscientes, que confiaram e um stalinismo “honesto e reformado”. É por isso que o regime de Modrow era especialmente perigoso, e por isso era imperativo advertir os trabalhadores sobre ele.

“Os fios mais delgados que tinham ligado o regime bonapartista às bases econômicas proletárias da RDA (controle estatal sobre os meios de produção) finalmente foram cortados. Com a formação de uma “grande coalizão”, no final de janeiro de 1990, Modrow foi transformado inicialmente de um dirigente bem-sucedido do estado operário deformados da RDA, em um negociador para os capitalistas da Alemanha Ocidental, e por isto em seu representante direto… ”
1917 número 10, op-cit

Norden/Stamberg estão certos sobre que a burocracia stalinista não é capaz de dirigir a contra-revolução “sem fraturar”. Mas a fragmentação do regime stalinista estava datada pelo menos do colapso do regime de Honecker. O regime stalinista “reformado” de Modrow, com seu programa social-democrata e restauracionista, representou os elementos da burocracia que procuraram assegurar o próprios futuros, ao abrir a porta para a burguesia da Alemanha Ocidental. Não há nenhuma dúvida de que uma seção do SED teria vindo para o lado do proletariado se houvesse uma revolta revolucionária. Mas os anúncios repetidos da LCI de que uma revolução política dos trabalhadores estava “ocorrendo” não poderia ser um substituto para a revolução política real.

De Yuri Andropov a Gregor Gysi

A adaptação ao SED na RDA foi preparada politicamente por uma série de erros programáticos anteriores em relação à questão do stalinismo. O mais extraordinário deles foi a designação de 1982 de uma coluna da SL na mobilização antifascista em Washington D.C. como “Brigada Yuri Andropov”, o nome do chefe burocrata do Kremlin. Em uma carta não-pública de 13 de dezembro de 1982 à SL, onde é feita uma crítica desta posição (naquele tempo nós éramos ainda a “Tendência Externa da iSt”), lembramos à SL o seguinte: “No nível mais geral, Andropov e os burocratas que ele representa são tudo contra que Trotsky lutou”. Nós também lembramos que:

“Um dos fundamentos do trotskismo é que a defesa efetiva da União Soviética é inextricavelmente ligada à necessidade da revolução política proletária contra Andropov e sua casta….”

O camarada Robertson respondeu em agosto de 1983 com uma sugestão suave de que nós talvez estivéssemos nos movendo na direção ao Terceiro Campo. Em nossa resposta, nós lembramos do comentário de Trotsky de que o stalinismo era:

“Um aparelho de privilegiados, um freio sobre o progresso histórico, um agente do imperialismo mundial. Stalinismo e Bolchevismo são inimigos mortais.”

Comentamos na carta seguinte:

“Chamar a Brigada de Yuri Andropov foi um erro. Toda sua experiência política muito considerável, assim como os talentos dos marxistas, capazes e dedicados, que produziram WV não podem mudar isso. Se tivéssemos que oferecer algum conselho, seria o seguinte: não tentem defender o indefensável, isto só pode produzir maus resultados.”

Como chefe da KGB, Andropov foi responsável por esmagar a vida política na URSS. Workers Vanguard, em 13 de fevereiro de 1976, publicou um artigo intitulado “Para a Tortura ‘Psiquiátrica Stalinista na URSS!”, denunciando “as atrocidades repulsivas da burocracia russa.” Na sua escalada para o poder, Andropov cumpriu um papel-chave na repressão aos trabalhadores húngaros depois da revolução política de 1956, como indicamos em nossa carta de 22 de abril de 1984. Conforme Bill Lomax:

“Nos primeiros meses de supressão militar direta da revolução, Andropov era eficientemente o chefe supremo soviético da Hungria… Foi neste período que os últimos remanescentes da resistência armada foram eliminados, as organizações dos trabalhadores e dos intelectuais foram esmagadas e milhares de húngaros foram detidos e internados….”

Defender a identificação da direção da SL com Andropov, Workers Vanguard sugeriu que a nossa crítica revelava uma prova de stalinofobia, fraqueza social-democrata etc. Hoje, uma dúzia de anos mais tarde, a Brigada Andropov só pode ser uma complicação no regime da LCI. Esta é uma questão que vocês, camaradas, podem desejar revisar proximamente, considerando-a um dos momentos na história da degeneração política da SL.

A revolução e a Verdade

No documento do IG, Norden/Stamberg afirmam o seguinte:

“Um aspecto notável das lutas recentes e da virada acentuada para a direita da LCI tem sido o seu uso sistemático de deformações e mentiras totais, em contradição flagrante com a tradição orgulhosa da tendência espartaquista.”

Infelizmente, não há nada “recente” sobre a aparição de “mentiras totais” na imprensa da SL. Durante anos, até agora, WV esteve disposto a tomar liberdades consideráveis com a verdade para propósitos fracionais.

Um exemplo recente desta técnica da LCI (e que está plenamente documentada) ocorreu quando, no meio de uma polêmica contra nós em Quebec, 3 de novembro de 1995 WV declarou:

“Há três anos, a TB se recusou a votar Não a Charlottetown do Mulroney [plebiscito constitucional de 1992 do Canadá]. Sua declaração não denfendeu o direitos do Quebec à independência.”

É verdade que nós não tomamos partido na disputa burguesa sobre a reforma da constituição do Canadá. Mas a nossa declaração de outubro de 1992 (que nós reimprimimos em 1917, número 12) incluiu a seguinte defesa explícita dos direitos nacionais dos Québécois:

“A designação do Quebec como uma “sociedade distinta” dentro do Canadá obscurece o fato de que ele é uma nação, e como tal, tem um direito inalienável e incondicional à autodeterminação. Se os Québécois decidirem se separar e formar seu próprio estado (algo que nós não defendemos atualmente), apoiaremos o seu direito de o fazer. Se a burguesia canadense tentar manter o Quebec à força, será dever dos trabalhadores com consciência de no Canadá inglês defender os Québécois com todos os meios à sua disposição, incluindo protestos, greves e auxílio militar.”

Mais uma vez, ainda que depois de indicarmos que a declaração de WV era plenamente falsa, não houve nenhuma retratação ou correção. Poderíamos citar outros exemplos, mas pensamos que estes são suficientes para demonstrar que a “distorção sistemática e as mentiras totais” empregadas contra o IG e a LQB tem precedentes. Naturalmente, tais técnicas aparecem mais claramente quando se está no lado receptor.

O IG: Entre a LCI e a TBI

Embora talvez fosse natural que os camaradas do IG preferissem evitar ter que revisar criticamente o passado da LCI, honestamente, há a necessidade de confrontar os erros do passado. A direção da SL está ridicularizando os camaradas do IG, sugerindo que tudo estava bem na LCI até antes deles serem dispensados. Robertson faz uma abordagem oposta na sua resposta recente a um defensor do IG (WV, 27 de setembro), onde ele reporta os problemas com Norden a uma diferença de 1973 sobre os acontecimentos no Vietnã! Isto é supostamente um exemplo de como, de acordo com Robertson, Norden “subverteu a autoconfiança política revolucionária e pareceu aos olhos de outros camaradas tão bom quanto eles”, os quais, por sua vez, rebateram a sua capacidade de assumir um papel dirigente na Liga Espartaquista. Mas o fato é que na SL a ninguém (exceto naturalmente o próprio camarada Robertson) foi permitido o luxo de “autoconfiança política revolucionária.” Em outros, esta característica geralmente é diagnosticada como condição “hubris”–uma condição que é tratada com a remoção rápida do tapete embaixo do indivíduo afligido.

A maioria das purgações ao passar dos anos foram feitas para eliminar, ou pelo menos humilhar, os quadros muito inclinados a pensar por eles mesmos. A pressão interna crescente trouxe à tona sobre Norden e Stamberg foi projetada para “subverter [suas] posições para os olhos dos outros camaradas,” e sem dúvida contribuiu para a sua “falta de apoio pela militância” de que Robertson se vangloria em WV. O seu sarcasmo sobre sua “falta de apetite para luta política desde o começo” e “sua oposição falsa e não-fracional” tem uma certa ressonância — mas só porque a linha do IG sobre a evolução da LCI é implausível. Se a LCI tinha sido um modelo de democracia leninista até o começo de 1996 (como sugere a literatura do IG), então a recusa por Norden/Stamberg em lançar uma luta faccionária organizada iria de fato demonstrar uma aversão à luta política desde o começo.

A tentativa de Norden/Stamberg de manter uma posição tática “não-fracional” levou-os a votar pela expulsão de Socorro. Lidaremos com as impropriedades processuais de seu julgamento abaixo; mas observamos que Workers Vanguard (27 de setembro), recentemente proclamou que Socorro “cruzou a linha de classe” (!!) por comparar desfavoravelmente os procedimentos de julgamento da SL com os das côrtes burguesas! Robertson consideraria “cruzar a linha de classe” sugerir que um réu comum nas côrtes dos E.U.A. nos anos 1930 receberia mais justiça que os Oposicionistas de Esquerda receberam no Estado Operário soviético sob Stalin? No fórum da SL em Nova Iorque , em 1 de agosto, Richard G., um membro da SL, sugeriu publicamente que qualquer um que reivindicou, como Socorro o fez, que havia mais justiça nas cortes burguesas do que nas mãos da SL, poderia facilmente receber pagamento do estado capitalista. Esta insinuação de corrupção é escandalosa, e os camaradas do IG estavam muito certos em se opor a ela. Mas a condenação pelo IG de Socorro tende a cortar o seu protesto.

Norden e Stamberg cometeram um erro ao votar pela expulsão da Socorro. Ela não era culpada de nada mais do que contar a verdade…. sugerimos que um bom lugar para o IG começar sua reavaliação da IST/LCI é francamente repudiar a expulsão.

Um próximo passo poderia ser discutir francamente por que os camaradas mais antigos, como Norden, Stamberg e Negrete sentiram-se compelidos a optar por uma posição internamente “não-fracional”, apesar do padrão de infrações brutas da prática do leninismo que eles reportaram. Eles não exerceram seu “direito” de declarar uma fração porque sabiam que não era mais possível conduzir uma luta política séria dentro da LCI do que havia sido para Robertson fazer no então Comitê Internacional de Gerry Healy em 1966.

A liquidação do trabalho sindical da SL

A declaração de Negrete, na sua “Nota sobre a TB”, de 25 de julho, de que tivemos aversão contra a “luta de classes num lugar com a grande maioria de negros, turbulento, como o Brasil”, repercute uma calúnia que data do começo dos anos 80, quando a direção da SL tentou encobrir a sua liqüidação das frações sindicais nos sindicatos estratégicos americanos chamando de racista qualquer um que criticasse isto. A direção da SL decidiu se auto-renunciar a seu trabalho sindical porque este exigiu um investimento político considerável e o retorno nos anos 70 tinha sido relativamente pequeno. Além do mais, enquanto a pressão sobre a SL aumentava, a direção de Robertson ficou com medo de que os sindicalistas adquirissem uma visão independente da realidade social, e a autoridade real na classe trabalhadora poderia ajudar a criar um pólo de oposição política interna. Particularmente no sindicato dos telefônicos, mas também entre os estivadores da costa oeste e os fabricantes de automóveis de Detroit, os dirigentes políticos apoiados pela SL tinham alguma autoridade entre a força de trabalho, e foram vistos como uma formidável oposição potencial pelos burocratas sindicais.

Lembramos que o camarada Negrete estava nas atividades nos telefônicos quando a SL abandonou a sua orientação sindical. Em nosso folheto de junho 1983, intitulado “Parar a Liqüidação do Trabalho Sindical! Parar a má direção de Robertson-Foster-Nelson!”, reimprimimos um panfleto, de 16 de maio de 1983, distribuído às telefonistas em Los Angeles, na conclusão de uma campanha bem sucedida que derrotou as tentativas dos burocratas de remover os defensores da SL dos cargos de diretores. O panfleto começava com, “O Bloco de Ação Militante gostaria de agradecer a todas as irmãs e irmãos desta regional, que saíram para apoiar-nos em nossa luta pela nossa reintegração como diretores nesta regional”, e adiante anunciava que “todos os diretores do bloco submeterão a seguinte carta de renúncia ao sindicato.” Em nosso documento, escrevemos:

“A autoridade que a coluna da SL em LI, T1, T2, II e BI acumulou por anos de suor, sangue e perseguição está sendo deixada para trás durante a noite; a direção da SL sabe que os efeitos desta liqüidação são quase irreversíveis…. as renúncias por atacado dos diretores do BAM já estão criando a reputação de perdedores….

“Não se leva as pessoas para a luta e então deserta-os. Mas é justamente isso que o BAM está fazendo. Tendo lutado e vencido na regional 11502 para manter-se na direção, o BAM agradeceu os muitos diretores e membros que defenderam-no e… desistiu. Também, na regional 9410, onde justo há seis meses 1000 membros manifestaram-se para a defesa de Kathy, exigindo um fim ao seu julgamento e ao golpe dos burocratas, o BAM está desistindo. Stan, membro do Bloco Militante, apoiado pela SL [nos estivadores], corretamente está fazendo um movimento, com uma reunião dos membros, para uma paralização dos trabalhadores do sindicato, para protestar contra as atividades nazistas em Oroville. O movimento foi aprovado. Então foi mandado que ele voltasse atrás e se auto-criticasse desprezivelmente a si próprio, para não ir para Oroville, e atacasse os estivadores que foram e carregaram cartazes exigindo auto-defesas de trabalhadores e negros para esmagar os fascistas. Este abstencionismo alimentou um ressentimento que tornou mais fácil para a direção desacreditá-lo.”

Se a SL era culpada pelo abstencionismo em relação a eventos como a manifestação de Oroville em 1983, a sua retirada dos sindicatos foi abstencionista em grande escala. Nós também podemos ver precedentes da exigência de que a LQB liquidasse seu trabalho em Volta Redonda. Em ambos os casos, aqueles que resistiram ao ultimato da direção da SL foram acusados de “oportunismo sindical.”

Howard Keylor, um dos dois maiores apoiadores da SL nos portuários, continuou a sua atividade de sindicalista como um simpatizante da ET/TB. Em 1984, ele iniciou e foi um dos líderes do boicote de 11 dias dos estivadores ao Apartheid, na África do Sul, no cais 80 em São Francisco (ver O Boletim da ET, número 4). Neste caso, a SL fez pior do que abster-se — denunciou a ação, colocou uma “fila de grevistas” para abortá-la, caracterizou os trabalhadores que conduziram a greve como “fura-greves” e, finalmente, em desafio aberto à política do sindicato, fez com que os apoiadores fornecessem uma evidência documental (na forma de um panfleto) de que o boicote era uma ação sancionada pelo sindicato. Isto era o que os empregadores necessitavam para assegurar uma injunção federal para quebrar o boicote. Quando a esquerda juntou uma meia dúzia de estivadores para armar uma fila de grevistas em desafio à injunção, os espartaquistas no local recusaram-se a unir-se! E então, depois que a ação acabou, WV retroativamente elogiou-a. A motivação para as ações da SL no todo era a mesma quanto à exigência de que a LQB abandonasse sua atividade sindical — sectarismo organizacional trivial.

Norden/Stamberg afirmaram que nós “zombamos das mobilizações dos trabalhadores/negros, feitas pela Liga Espartaquista para barrar a KKK, como “trabalho de gueto”. Isto não é verdade. Nós nunca zombamos das mobilizações anti-Klan da SL e, aliás nos unimos a quando pudemos, assim como nos unimos às iniciadas por outros esquerdistas. Nós nunca nos referimos às mobilizações das LBSLs, nem tampouco às mobilizações anti-Klan como “trabalho de gueto.” O único lugar em que se pode achar este termo é nas páginas do WV, onde era repetidamente atribuído a nós.

Nós sempre sustentamos que a chave para a libertação negra na América é através da união das lutas das massas negras ao poder social do movimento organizado dos trabalhadores. Isto requer uma luta por uma nova direção, revolucionária, nos sindicatos.

Libertação negra & auto-defesas operárias

Esperamos que, depois de uma investigação cuidadosa, o camarada Negrete retrate-se de nós “chamamos por auto-defesas operárias” (assim) para parar a “violência” na revolta de Los Angeles. Se ele não estiver preparado para fazê-lo agora, convidamos-no para especificar os fundamentos desta alegação. Nossa declaração sobre a revolta em LA em 1992, teve um impulso inteiramente diferente, relacionado à epidemia de violência que se seguiu à absolvição dos policiais racistas que brutalmente tinham agredido Rodney King:

“Os marxistas não podem ter mais que desprezo em relação às condenações hipócritas da `violência’ e das `ações ilegais’ que chovem agora nos noticiários, púlpitos e dos capitalistas concorrentes à presidência. Mesmo assim, os militantes sérios também reconhecem que o racismo, a pobreza e a violência do Estado capitalista não terminarão através de explosões de negros minoritárias, ainda que justificadas. Porque falta às massas negras um programa e uma direção lutar por uma verdadeira revolução social, a sua raiva espontânea freqüentemente termina em ataques aos alvos errados, deixando seus verdadeiros exploradores e opressores intocáveis.

“Os negros e as minorias formam uma grande porcentagem da classe operária nos E.U.A. Eles também estão concentrados nos sindicatos das grandes cidades da nação. Estes trabalhadores operam os ônibus e trens, coletam o lixo, varrem as ruas e são também os trabalhadores dos hospitais. Podem proporcionar o elo necessário entre o gueto e a classe trabalhada organizada. Uma única greve geral contra a brutalidade da polícia poderia levar cidades como L.A. a pararem, e provaria ser uma arma infinitamente mais potente do que umas cem revoltas de gueto. Tais greves poderiam abrir o caminho para uma poderosa contra-ofensiva de classe dos trabalhadores contra o racismo e a austeridade capitalista. Mas isto requer uma direção classista orientada a quebrar a força opressora dos burocratas sindicais e do Partido Democrata. A Tendência Bolchevique dedica-se a forjar tal direção, na luta por uma sociedade socialista, que é a única que pode fazer justiça a Rodney King e outras vítimas incontáveis da “nova ordem mundial”
–LA: Dias De Cólera,” suplemento de 1917, maio de 1992

Em outubro de 1992, publicamos uma edição de 1917 Oeste intitulada “Tiras, Crime e Capitalismo”, para desafiar as noções anarquistas/liberais predominantes entre a juventude…. Este artigo, que absurdamente foi caricaturado numa polêmica que apareceu no Workers Vanguard (12 de fevereiro de 1993), deixou a nossa atitude em relação ao braço armado da burguesia muito clara:

“O elo entre o temor do crime e a questão racial cria uma barreira formidável à unidade da classe trabalhadora. O atual estado econômico e político estará seguro enquanto a classe trabalhadora, e outras vítimas do sistema, estiverem divididas contra si mesmas. O capitalismo necessita do racismo e o reproduz — porque ele mantém a classe trabalhadora dividida.”

“A polícia não faz parte da classe trabalhadora, e seus `sindicatos’ não fazem parte do movimento dos trabalhadores. Eles devem ser expulsos de todas as federações sindicais e outras organizações da classe trabalhadora. A polícia serve como a linha de frente de defesa da propriedade capitalista, e resguarda a ditadura da classe capitalista sobre a sociedade. Como um braço do estado, a polícia não é neutra em nenhuma disputa entre trabalhadores e patrões, inquilinos e proprietários ou opressores ou oprimidos. Os policiais reforçam a lei capitalista, que ordena a defesa da propriedade, da riqueza e dos privilégios sociais acima de tudo.”

No texto de 1917 Oeste, chamamos pelas “auto-defesas dos trabalhadores” mas de uma maneira diametralmente oposta à reivindicação de Negrete:

“É de vital importância unir as atividades das organizações que controlam a polícia e defendem as suas vítimas às organizações da classe trabalhadora. Os mesmos policiais que atormentam as pessoas desabrigadas e a juventude negra também escoltam os fura-greves através das filas de grevistas, e batem nos grevistas para quebrar as greves….

“Somente o proletariado tem o poder social e o interesse objetivo de eliminar as causas do crime. Um movimento forte dos trabalhadores que estabeleça as auto-defesas integradas dos trabalhadores poderia dar um grande passo pela defesa dos trabalhadores e dos oprimidos contra a brutalidade e os crimes da polícia….

“Para ser efetiva, a auto-defesa dos trabalhadores deve se integrar à luta contra o racismo, que divide a classe trabalhadora. Ela geralmente seriam iniciada com uma resposta para atacar as linhas de grevistas do Estado capitalista, seus aliados fascistas ou os capangas particulares dos empregadores individuais. Uma vez empenhada na luta de classes, os trabalhadores rapidamente verão a utilidade da auto-defesa para proteger os trabalhadores e os oprimidos em outras áreas de suas vidas, incluindo a luta para se livrar do crime e das agressões da polícia.”
–“Tiras, Crime e Capitalismo,” 1917 Oeste número 2, outubro 1992

Gostaríamos que o camarada Negrete explicasse exatamente o que ele pensa que está errado com esta forma de se posicionar pelas auto-defesas operárias.

Finalmente, notamos que enquanto Negrete está aparentemente feliz reciclando a difamação da SL sobre a nossa suposta indiferença pela opressão negra, ele esqueceu de mencionar que Gerald Smith, o antigo membro da TBI, que é citado como não sendo “anti-tiras,” foi também um antigo membro do Partido dos Panteras Negras, bem como da Liga Espartaquista. Ele também não menciona que, em 1983, a SL aproximou Smith porque ele encabeçava as LBSLs da SL! Smith estava relutante em aparecer como figurante para uma organização de frente vazia. Mesmo assim, permaneceu na órbita da SL, e no próximo ano concordou em participar da “frente de grevistas” da SL contra o boicote dos portuários de 1984, contra as cargas para a África do Sul durante o Apartheid, no cais 80 em São Francisco. Ele se assustou tanto com o sectarismo destrutivo que testemunhou naquela noite, que rompeu com a SL de uma vez por todas. Ele depois uniu-se à TB e foi um membro proeminente de nosso setor na Área da Baía por muitos anos. No início da década de 90, ele começou a ir para a direita, e finalmente deixou a TBI em 1993. Hoje, ele está alinhado com o PBCI da Argentina.

A LCI e a Greve Geral: Uma caricatura de Trotskismo

Concordamos que a nova oposição da LCI a levantar uma chamada propagandística pelas greves gerais na ausência de um partido operário revolucionário hegemônico é de fato “uma caricatura de trotskismo,” como o IG sugere. “Cadê a dos trotskistas franceses por uma greve geral na metade dos anos 30?”, eles exigem. Uma boa pergunta, mas nenhuma que a LCI esteja ansioso em responder.

Parece a nós que a questão da greve geral é colocada para o trotskismos francês na metade dos anos 90 também. Como explicamos em nosso artigo de 1917, Número 18, a situação em dezembro de 1995 parecia ser para nós uma circunstância em que os revolucionários deveriam ter focalizado a sua agitação no chamado por uma greve geral para derrubar Juppé, concretizada com o chamado por comitês de greve eleitos em cada local de trabalho, nos níveis local, regionais e nacional. Isto poderia ter chamado a atenção dos membros mais militantes dos sindicatos, que estavam tentando empurrar os burocratas nesta direção, e proporcionaria uma abertura para os militantes revolucionários estenderem a sua influência política. Mas, mesmo chamando a estender as greves no setor privado, a Liga Trotskista da França ponderadamente absteve-se de convocar uma greve geral, afirmando, ao contrário, que “a questão do poder está posta.” Seu lema central era o chamado a construir uma “nova direção revolucionária,” (isto é, a LTF). Embora muitas das observações e propostas específicas na propaganda da LTF estivessem corretas, a sua reivindicação de que “a tarefa urgente da hora” seria preparar a tomada do poder estatal pareceu para nós qualificar-se como outra “caricatura de trotskismo.”

Norden e Stamberg não criticam a posição da LCI/LTF em Paris, e ainda parecem endossar implicitamente a luta de Parks contra a “passividade” da LTF. Isto parece a nós ser outro caso em que os camaradas do IG até agora não conseguiram generalizar suficientemente a partir de uma crítica fundamentalmente correta.

No Canadá, a LCI/TL está atualmente se recusando a convocar uma greve geral em Ontário, apesar do fato de que a burocracia sindical organizou uma série de “greves gerais” em uma única cidade, com duração de um dia (que até agora envolveram centenas de milhares de trabalhadores). Os burocratas querem permitir que a base expresse sua puteza mas, ao mesmo tempo, esperam evitar um confronto sério com o governo, enquanto ganham um pouco de vantagem, mostrando aos patrões que poderia haver problemas se os Tories levassem as coisas muito adiante. Esta é uma situação em que os revolucionários devem procurar explorar a contradição entre o desejo das massas lutarem e os passos covardes dados pela direção, através da agitação das medidas práticas necessárias em direção à mobilização do poder e da raiva da maioria contra os ataques do governo. Concretamente, advogamos uma greve geral que seja “organizada e controlada por comitês de greve eleitos democraticamente em todos os locais de trabalho, coordenados através de assembléias provinciais e regionais por delegação.” Por sua vez, a TL está fazendo a sua agitação principal exigindo “construir um partido revolucionário” — isto é, eles mesmos.

Socialistas, Apoio a Greve e “Fura-Greves”

Os camaradas do IG reivindicam que nós “furamos a greve” dos limpadores de construção de Nova Iorque no último inverno. Esta é uma questão séria, que nós discutimos na nossa correspondência com WV (recentemente publicada por nossa regional de Nova Iorque na forma de um folheto). Como indicamos, há, freqüentemente, situações em que os grevistas de uma empresa ficam na frente de uma entrada compartilhada com trabalhadores de empresas inteiramente diferentes que não estão em greve (por exemplo, praças públicas, parques industriais, edifícios de escritório). A resposta ótima em tais casos é que os trabalhadores das outras companhias se unam aos seus irmãos e irmãs, pressionando por greves de solidariedade. Mas se isto não for possível, não é dever dos militantes isolados executaram uma “greve de solidariedade individual,” quando, se o fizerem, puderem sofrer ataques.

A campanha do WV sobre isto foi uma tentativa fracionista de difamar Jim C., um militante da TBI que pode ter feito mais para ajudar os grevistas do que todos os membros da SL de Nova Iorque juntos. Jim C. tomou a iniciativa de receber os membros do sindicato na sua loja para doar um total de $3000 aos seis trabalhadores grevistas que normalmente limpavam seu edifício. Os diretores também se asseguraram de que nenhum fura greve foi permitido dentro da loja durante a greve, e que a empresa receberia nenhum dinheiro do seu empregador até o final. Nenhum militante sindical consideraria isto “furar greve.”

Uma nota interessante em toda esta disputa foi proporcionado pela camarada Marie Hayes (um quadro com 23 anos na iST/LCI), num fórum público no festival anual do Lutte Ouvriere deste ano. Ela respondeu às denúncias da Lci a nós como “fura-greves”, contando novamente como, quando era da SL de Nova Iorque, ela foi confrontada por uma situação análoga, quando alguns piqueteiros de uma empresa diferente apareceram do lado de fora do edifício da Pan Am, onde ela trabalhava. Ela ligou para a sede da SL para pedir instruções, e disseram que, como os piqueteiros não tinham relação com os trabalhadores da empresa dela, não havia nenhuma razão para não ir trabalhar!

LCI vs TBI e a questão russa

Em sua ladainha de uma página. o camarada Negrete queixa-se que rejeitamos a palavra de ordem da LCI, “Viva o Exército Vermelho no Afeganistão” com “argumentos stalinofóbicos”. Na verdade, rejeitamos “Salve o Exército Vermelho” em favor de “Vitória Militar para o Exército Vermelho no Afeganistão”. Nós o fizemos porque a “saudação” da intervenção militar de Brezhnev no Afeganistão tendia a apagar a distinção crítica entre o apoio político e o militar. Os trotskistas apoiaram as forças armadas soviéticas no Afeganistão militarmente, assim como a SL apoiou militarmente o Vietcong contra o E.U.A. no Vietnã. Foram os pablistas que “saudaram” os exércitos de Ho Chi Minh e desfilaram a bandeira do Vietcong. Nós não vimos nenhuma razão para aplicar critérios diferentes no Afeganistão (ver nosso artigo em 1917, número 5).

O lado irrelevante das divagações algumas vezes stalinófilas da LCI apareceu quando eles se recusaram a tomar partido militarmente da “linha-dura” do Kremlin contra Ieltsin, em agosto de 1991. A zombaria de Negrete sobre a indecisão e a incompetência do golpe dos conspiradores repercute os pseudo-trotskistas que reivindicam que Yanayev, Pugo et al. eram tão pró-capitalistas quanto Ieltsin. Negrete acusa-nos de ter sido ansiosos em abandonar o defensismo soviético porque nós reconhecemos, naquela época, que a vitória de Ieltsin representou o “Triunfo da Contra-Revolução.”

A reivindicação da LCI, de que os conspiradores não estavam tentando defender, de forma vacilante, o Estado Operário, mas somente um império capitalista, somente pode significar que as forças restauracionistas triunfaram antes do golpe de agosto.

A recusa da LCI em tomar partido no confronto final levou inevitavelmente ao próximo erro; eles se recusaram teimosamente, por mais de um ano, a reconhecer que o Estado Operário Degenerados soviéticos tinha sido de fato destruído. Até hoje, a LCI não pode dizer quando o Estado Operário soviético deixou de existir. Esperamos que, no decorrer, do reexame da história da iST/LCI, isto esteja entre as questões que vocês desejarão retormar.

A tentativa de Negrete de identificar-nos com o PBCI porque sustentamos posições semelhantes sobre o golpe de agosto de 1991 não é um argumento, e sim um amálgama. Nós poderíamos igualmente salientar com facilidade que o PBCI, assim como a LCI (e o IG?), reivindicam que o Estado Operário sobreviveu sob Ieltsin. O que isso provaria?

O Expurgo do IG: “Dejà Vu Tudo de Novo”

A noção dos quadros do IG de que eles são as primeiras vítimas de abusos na LCI não é rara….

Mas, se o tratamento do IG de fato nunca foi visto na história da iST/LCI, por que as descrições do IG sobre o que aconteceu a eles seriam tão parecidas com as que publicamos há dez anos? Por exemplo, Norden e Stamberg descrevem como Negrete foi atacado por “abuso sexual” no GEM:

“O método de vomitar uma pilha de acusações falsas, sem considerar os fatos que eram repetidamente usados na luta na Alemanha … e novamente no ataque relâmpago para remover a direção da seção mexicana que reivindicava que Negrete era um “machista” isolou a LQB da discussão internacional.”
–“De uma Tendência…” pág. 29

Negrete confirma este relato:

“Tendo lutado no Brasil/México, posso declarar categoricamente que a campanha atual envolve uma coleção de invenções intencionais. A luta explodiu quando Camila e eu perguntamos sobre as declarações significativamente incorretas sobre o Brasil numa correspondência do SI. Na mesma época, como aquelas declarações estavam explicitamente corretas, se inventou um relato de que tinha sido machista com Camila (que a própria Camila negou ser verdade) e tinha ameaçado-a ao fazer as perguntas que ela escreveu. Quando as testemunhas disseram e escreveram que isto não foi o que aconteceu, não só isso foi ignorado, como eles foram acusados de estreitos, personalistas e anti-internacionalistas. Ao mesmo tempo, como petições de uma investigação formal por Socorro e por mim mesmo foram rejeitadas, a mentira não somente foi repetida, como também foi aumentada.”
Ibid. pág. 74-75

Compare o que está descrito acima com a conta em “A Escola de Robertson da Construção do Partido” (1917 número 1, inverno 1986) onde descrevemos como uma acusação de “manipulação sexual” foi usada no iSt:

“Quando o acusado indagou como esta acusação poderia ter sido feita quando ele a negou, e todas suas vítimas implicadas negaram-na, ele foi informado que isto era a pior espécie de manipulação — tinha sido tão bem feita, ainda que sob pressão considerável do partido, as próprias vítimas não puderam ver o que aconteceu! Tal como é em `Alice no País das Maravilhas’ da vida `democraticamente rica’ da tendência Spartacista. A manipulação sexual, como tudo mais no SL, significa exatamente o que a liderança quer dizer.”

Outro exemplo é a descrição de Norden/Stamberg sobre como os alvos do expurgo estão sujeitos a uma pilha de acusações não-substanciais:

“Quando nos opusemos às várias inexatidões e reivindicações ultrajantes sem sustentação, Parks entrou rapidamente em cólera, e prosseguiu expurgando primeiramente Negrete e Socorro, do México, e então Norden do SI. Em ambos os casos, acusações inventadas foram lançadas a esmo, e quando uma não colava, era simplesmente substituída por uma nova. Jogar merda no ventilador é uma técnica de ‘caça às bruxas’ muito familiar, baseada na suposição de que eventualmente alguma coisa irá colar ou os alvos se cansarão de raspar a lama.”
Op Cit. pág 29

Negrete aponta o mesmo:

“Mais uma vez, o quadro grosseiramente deturpado foi repetido por uma série de declarações comprovadamente falsas. Cada declaração, quando era desmentida, abria caminho para uma nova. Era falso que o memorando do CEI não tinha sido traduzido, que não tinha sido distribuído, que não tinha sido discutido, e que fora discutido somente uma vez. Era falso que a luta na Alemanha tinha sido encoberta, que tinha sido discutida somente uma vez, que foi discutida muito brevemente, etc. Era falso que a luta na França, a luta na Itália, a ‘greve geral por tempo indeterminado’, a luta contra Y.Rad, a luta em relação ao Quebec etc., não tinham sido discutidas, que as conversas não aconteceram nas reuniões, que os materiais não foram traduzidos (dúzias foram) etc.

“O que está descrito acima é só uma amostra das declarações falsas empilhadas uma sobre as outras naquela luta. Um grande número de camaradas bem-intencionados ansiava que todos estes ‘detalhes’ fossem supervisionados em favor da ‘grande figura’. Mas, antes de tudo, as regras da Quarta Internacional nos dizem para ‘sermos verdadeiros nas coisas pequenas, assim como nas grandes’. E, em segundo lugar, neste caso, a ‘grande figura’ é composta de ‘pequenas’ mentiras e invenções, que continuam a aumentar.”
Ibid. Pág. 75-76

Mais uma vez, compare os relatos dos camaradas do IG à nossa descrição de 1985 de uma “luta” típica na SL:

“Eis como funciona na SL. É feita uma reunião em que o camarada designado é chamado a explicar os erros que ele supostamente cometeu. Cada item dos pormenores é grosseiramente exagerado e extrapolado; motivações traiçoeiras (políticas e/ou pessoais) são atribuídas. Críticas pessoais acidentais do estilo de vida ou comportamento do indivíduo são usadas como boas comparações. Aqueles que comandam o ataque gritam tipicamente, de forma teatral, e fazem poses para criar a atmosfera adequada, carregada emocionalmente. Espera-se que a militância proporcione o coro: repetindo e embelezando as acusações….Não há nenhuma censura. Se você puder provar que algumas das acusações são falsas, novas acusações são rapidamente inventadas. Ou você é acusado de ‘discutir como um advogado’ e de tentar obscurecer a visão geral com picuinhas sobre os detalhes…”
–“A Estrada para Jimstown”

A semelhança entre os nossos relatos e os do IG podem ser explicadas de duas maneiras: ou a direção da SL estudou cuidadosamente as nossas descrições inventadas de suas técnicas de expurgo e decidiu empregá-las pela primeira vez contra Norden, Stamberg, Socorro e Negrete, ou o tratamento dos camaradas do IG seguiu o padrão dos expurgos anteriores.

O Caso de Bill Logan

Negrete recicla a acusação da SL de que o camarada Bill Logan da TBI é um “psicopata malicioso.” Robertson investiu muito do seu capital político para “provar” que Logan, o líder mais proeminente da iSt fora da seção americana, não era nenhum pervertido comum, mas sim um “sociopata” que sempre foi inadequado para a vida do movimento operário. O caso de Logan foi, aliás, um marco na degeneração da iST/LCI. O camarada Norden, que era um membro dirigente da SL/EUA naquela época, pode relembrar a comissão que se reuniu na sede central da SL em Nova Iorque, no período de agosto-setembro de 1974, para considerar as queixas de John Ebel, um membro não influenciado da SL/ANZ (Austrália-Nova Zelândia). As queixas de Ebel tocaram em todas as alegações (incluindo a feita por uma camarada supostamente pressionada a desistir de sua criança) que, cinco anos mais tarde, a direção da SL fingiu que tinha acabado de ouvir. Além disso, a comissão de Ebel em 1974, depois de considerar as evidências, não achou que havia qualquer impropriedade na SL/ANZ. Como os camaradas do IG explicam isso?

Nós nunca negamos que os camaradas da SL/ANZ eram de fato abusados sob o regime de Logan; nós meramente afirmamos que a vida na SL/ANZ não era qualitativamente diferente que na SL/EUA. Isto é provado pelo fato de que nenhum dos dirigentes girados pela SL/EUA notaram qualquer coisa fundamentalmente diferente na vida da SL/ANZ, e que eles eram todos assimilados dentro do regime, sem dificuldades impróprias. Lidamos completamente com o caso de Logan em nosso Boletim de Trotskista, número 5 (” LCI vs. TBI”)….

O Expurgo do IG/LQB: Greves Preventivas

A explicação política para o expurgo pela LCI dos camaradas do IG e para o rompimento das relações fraternais com LM/ LQB oferecidas por Norden/Stamberg (pág. 68) está fundamentalmente correta:

“Ao aumentar a pressão e perseguir os `oponentes internos’ perceptíveis, e tentar forçar a declaração de uma fração, o SI claramente procurou fazer uma greve preventiva. O resultado foi a criação de uma atmosfera venenosa no partido.”

É também aparente que a ruptura com a LQB foi uma manobra profundamente cínica. Mas isto mostra mais uma vez a contradição fundamental nas explicações do IG: como poderiam os dirigentes de uma organização revolucionária trotskista se tornarem, no comando, expurgadores, destruidores, caçadores de bruxas e criadores de casos? De onde veio a casta de “mentirosos auto-conscientes” que “vangloriam-se” de seus crimes? E por que Norden e Stamberg estavam tão seguros de que não havia nenhuma razão para preocuparem-se em aparecer no seu “julgamento” programado? Numa organização saudável, se esperaria uma reação violenta da parte dos membros às impropriedades evidentes do procedimento de julgamento do caso de Socorro. Por que não na SL? E por que Norden e Stamberg não esperaram que a base da SL estivesse amedrontada pelas mentiras e calúnias motivadas partidariamente? Por que uma visita de surpresa, à meia-noite, por uma “tropa de elite” exigindo submissão instantânea não seria um choque para pessoas com décadas de experiência na LCI? A razão é que este tipo de coisa vem acontecendo há muito tempo. Essa é a razão pela qual as nossas descrições das técnicas empregadas são tão próximos das do IG.

Está claro, pela declaração de relações fraternais entre a LM e a LCI (que nós presumimos que seja a plataforma da LQB e do IG) que nós não só reivindicamos uma herança política comum, como também compartilhamos posições comuns em algumas questões programáticas centrais. Estas incluem a oposição dura à frente popular; a necessidade do partido leninista em agir como o tribuno dos oprimidos; o elo inextricável entre a liberação dos negros e a revolução socialista tanto nos EUA como no Brasil; e, mais geralmente, um reconhecimento de que a revolução permanente é o único caminho para a liberação das massas no mundo semi-colonial.

Estamos interessados em iniciar discussões sérias entre nós e sua organização, com o propósito de diminuir nossas diferenças, ou pelo menos esclarecer nossas posições em relação um ao outro. Claramente, tais conversas também permitiriam a identificação e a correção dos erros de fato ou de interpretação dos dois lados. Lamentavelmente, há muitas dificuldades objetivas substanciais para mantermos discussões entre nós e a LQB. Em primeiro lugar, há o problema de que não sabemos falar a língua portuguesa, e não sabemos se a LQB sabe inglês ou alemão. Há também o problema da nossa separação geográfica. Acreditamos que nenhum destes problemas seja insuperável. Mas eles serão obstáculos substanciais para um intercâmbio político sério.

As conversas com o IG não são impedidas por qualquer uma das considerações acima, e, portanto supomos que, com uma colaboração política fechada entre os dirigentes do IG e da LQB, talvez faça sentido que as primeiras conversas devam ocorrer entre nós e o IG. Esperamos que vocês considerem cuidadosamente os pontos que nós levantamos e aguardamos a sua resposta o mais breve possível.

Tom Riley
pela Tendência Bolchevique Internacional